Reviver:sugestões para a mente

Um enfoque distinto para sua digestão e trabalho mental. Porque a vida pode ser mais rica dependendo de nosso foco.

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Médico de almas.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Dramaturgia da massificação - Esquecemos de ser humano?



“O drama humano pode estar batendo em nossas portas.”

Anônimo.


Os antigos gregos já diziam nas suas tragicomédias que o homem é um animal social. Assim, logicamente, trabalham como as formigas:dentro de uma ordem construída socialmente. Quanto mais cresce o número de integrantes desta sociedade mais poderiam trabalhar e conseqüentemente mais se produziria..Contudo, quando comparamos ao gênero humano, não vemos exatamente esta lógica.

Vejamos os primórdios: Na idade da pedra, grupos nômades eram formados para que estes pudessem sobreviver caçando, pescando e reproduzindo em conjunto. Era lei de sobrevivência e eles precisavam um dos outros ou morreriam. Com o passar dos tempos, o aperfeiçoamente de lanças ;arco e flechas dentre outras ferramentas, ficou mais fácil conseguir alimento.Bastava cortar umas madeiras, limar e pronto, lá estava poupado os esforços de mais alguns muito homens. Inaugarava-se a individualização do homem que vive em sociedade,com suas crenças leis e regras sociais, que vão desde o matrimônio até suas leis morais mínimas de respeito e aceitabilidade diante dos padrões sociais. Com a inteligência e praticabilidade mais se produzia e menos mão-de-obra se é necessário.

Conforme fomos avançando no tempo, o homem foi se distanciando um do outro, posto que poderia já fazer o que bem lhe conviesse bastando ter consigo o único recurso que poderia fazer este elo de comunicação...o capital.

Atualmente, quando vemos um metrô cheio ou algum centro metropolitano muito movimentado, percebemos nas pessoas muito mais um estorvo do que uma companhia tal qual remotamente se pensou. Pensa-se:"Isto me agrada, eu compro. Isto não me agrada não compro. Isto posso e isto não posso. Aquele homem parece ladrão, aquele outro também..Devo ajudar uma senhora alí, porque Deus irá me salvaguardar,etc.". O gênero humano começou a se cercar entre um sistema de trocas tão obtuso e circunscrito em uma dada região que parece que a sua vida é feita de apenas dois mecanismos:te dou isso e recebo aquilo, na forma de um escambo muito primitivo.

E isto tudo gera um pavor social muito intrínseco a quem vive em um centro com elevadas diferenças sociais. O outro é visto como rival ou como objeto de aprovação própria,longe de ser tratado como igual...nem mesmo as famílias se preservam neste quesito! E se alguém faz algo sem nada em troca, já o chamam de asno ou ingênuo. E é justamente isto que descartam por ser ingênuo é que chamo de humanidade ou cidadania(se prefererirem), em respeito mútuo pela vida e pelos outros que estão a viver seja em qual caminho estiverem. Se estiverem bem,sem agredir o outro,porque mal caminho? É uma opção que devemos respeitar. Mas a massa exige e quer ser mais massa do que gente e por isso sofre em seus pingados com a desumanização crescente de sua forma cada vez mais expansiva e de conteúdo de baixa qualidade...

Poupe-mo-nos disto. Será isto difícil seguir ou apenas a opressão e a dor poderiam nos guiar para tais caminhos?

Pensemo-nos mais...

"A linguagem do coração é universal, só é preciso sensibilidade para entendê-la"
Charles Duclos

terça-feira, janeiro 03, 2006

Tempo de renovar: uma batalha entre espírito e matéria



"O desenvolvimento do espírito *, como todos os outros desenvolvimentos, é um progresso do indefinido para o definido"
Herbert Spencer

Algumas pessoas têm o iniciar do ano, segundo o calendário Cristão e Gregoriano, como tempo de renovar as expectativas para o porvir. Mas antes disso é tempo para pararmos e refletirmos sobre nossas atitudes ao longo do inteiro ano que se passou.

É decerto que tempo para renovar deveríamos ter a todo instante, de modo a nos aperfeiçoar nos mínimos pormenores, contudo, pela agitação que o mundo se encontra,o tempo se esfarela nesses momentos criteriosos reduzindo a fragmentos de tempo. Fazemos tudo às pressas.Decisões devem ser instantâneas e às vezes plenamente irracionais.

Elevar o espírito é muito mais uma lição de vida que propriamente uma vontade. Muitos através da morte de um parente ou de alguma outra desgraça dolorosa, presta-se a elevar significativamente o espírito de tal forma que ultrapassa o mundo vulgar materialista. Mas isso tem um preço.

Se olharmos longe destas ocupações do dia-a-dia que nos fazem esquecer de nós mesmos,pegando casos típicos de homens de espírito elevado(leia-se: com elevada sensibilidade e reflexão para os atos), encontraríamos pessoas tais como Schopenhauer,Nietzsche,Vitor Hugo dentre outros famosos que terminam se afogando na abstração,única fuga para um mundo de cegos e espíritos medianos a medíocres. Percebe-se logo uma evidente exclusão mútua. E aí jaz uma contrariedade: faz-se um ser-humano mais consciente de seu papel,contudo como definição para a sua atitude, torna-se anti-social uma vez que suas considerações são menosprezadas pela sociedade. Assim, é na individualização que se martiriza o subjetivo porque a comunicação externa é precária(e grifo: ela não é inexistente e prego que a radicalização não é uma boa saída).

Para finalizar nossa breve conversa, recomendo o novo e fabuloso filme chamado
Quem somos nós? , que desmonta muito daquilo que a indústria farmacêutica neurológica vem fazendo na venda de remédios de que a própria mente humana pode já produzir num dado espaço de tempo. O efeito do remédio imediato termina reduzindo os sintomas a curto prazo e gerando o que chamamos de dependência química ou neurofisiológica,numa atitude em que na verdade a resposta está dentro de nós, bastando apenas algum tempo ou atitude que transmute por nós mesmos na cura....talvez seja isto que querem ou queremos tanto esconder de nós...


"A vida espiritual dos homens, os seus impulsos profundos, o seu estímulo à ação são as coisas mais difíceis de prever, mas é justamente delas que depende a morte ou a salvação da humanidade"
Andrei Sakarov

* - Quando eu falo 'espírito' aqui eu me refiro às nossas posições e atitudes não mais que mentais.