Reviver:sugestões para a mente

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Médico de almas.

quarta-feira, março 01, 2006

A(s) síntese(s) da folia



"Para aqueles que conhecem a magia do carnaval de verdade: uma salva de palmas
Para aqueles que desconhecem,não são mais que efêmeros - uma verdadeira lástima."
Anônimo

O que é o carnaval?
O que foi o carnaval?

Primeiramente, sua origem:

"A origem do carnaval é um assunto controverso. Alguns historiadores associam o começo das festas carnavalescas aos cultos feitos pelos antigos para louvar boas colheitas agrárias, dez mil anos antes de Cristo. Já outros dizem que seu início teria acontecido mais tarde, no Egito, em homenagem à deusa Ísis e ao Touro Apis, com danças, festas e pessoas mascaradas. Há quem atribua o início do carnaval aos gregos que festejavam a celebração da volta da primavera e aos cultos ao Deus Dionísio. E outros ainda falam da Roma Antiga com seus bacanais, saturnais e lupercais em honra aos deuses Baco, Saturno e Pã.

Hiram Araújo, em seu livro Carnaval, relata que a origem das festas carnavalescas não tem como ser precisamente estabelecida, mas que deve estar relacionada aos cultos agrários, às festas egípcias e, mais tarde ao culto a Dionísio, ritual que acontecia na Grécia, entre os anos 605 e 527 a.C.
Uma coisa, porém é comum a todos: o carnaval tem sua história, como todas as grandes festas, ligada a fenômenos astronômicos ou da natureza. O carnaval se caracteriza por festas, divertimentos públicos, bailes de máscaras e manifestações folclóricas.

A palavra carnaval também apresenta diversas versões e não há unanimidade entre os estudiosos. Há quem defenda que o termo carnaval deriva de carne vale (adeus carne!) ou de carne levamen (supressão da carne). Esta interpretação da origem etimológica da palavra remete-nos ao início do período da Quaresma que era, em sua origem, não apenas um período de reflexão espiritual como também uma época de privação de certos alimentos, dentre eles, o a carne.

Outra interpretação para a etimologia da palavra é a de que esta derive de currus navalis, expressão anterior ao Cristianismo e que significa carro naval. Esta interpretação baseia-se nas diversões próprias do começo da primavera, com cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco, tanto na Grécia como em Roma."

Fonte

De certo, a etimologia da palavra veio sofrendo diversas modificações,algumas revolucionaram verdadeiramente o sentido de se pensar estas festas:

"Ao contrário do que se imagina, a origem do carnaval brasileiro é totalmente européia. A comemoração carnavalesca data do início da colonização, sendo uma herança do entrudo português e das mascaradas italianas. Somente muitos anos mais tarde, no início do século XX, foram acrescentados os elementos africanos, que contribuíram de forma definitiva para o seu desenvolvimento e originalidade.

Foi, portanto, graças a Portugal que o entrudo desembarcou na cidade do Rio de Janeiro, em 1641. O termo, derivado do latim "introitus" significava "entrada", "começo", nome com o qual a Igreja denominava o começo das solenidades da Quaresma. No entanto, as festividades do entrudo já existiam bem antes do Cristianismo, eram comemoradas na mesma época do ano e serviam para celebrar o início da primavera. Com o advento da Era Cristã e a supremacia da Igreja Católica, passou a fazer parte do calendário religioso, indo do Sábado Gordo à Quarta-feira de Cinzas.

Tanto em Portugal, como no Brasil, o Carnaval não se assemelhava de forma alguma aos festejos da Itália Renascentista; era uma brincadeira de rua muitas vezes violenta, onde se cometia todo tipo de abusos e atrocidades. Era comum os escravos molharem-se uns aos outros, usando ovos, farinha de trigo, polvilho, cal, goma , laranja podre, restos de comida, enquanto as famílias brancas divertiam-se em suas casas derramando baldes de água suja em passantes desavisados, "num clima de quebra consentida de extrema rigidez da família patriarcal".

Foi esse Carnaval mais ou menos selvagem que desembarcou no Brasil com as primeiras caravelas portuguesas e os primeiros foliões.

Com o passar do tempo e devido a insistentes protestos, o entrudo civilizou-se, adquiriu maior graça e leveza, substituindo as substâncias nitidamente grosseiras por outras menos comprometedoras, como os limões de cheiro (pequenas esferas de cera cheias de água perfumada) ou como os frascos de borracha ou bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha. Estas últimas foram as precursoras dos lança-perfumes introduzidos em 1885.

No tocante à música, tudo ainda era muito precário; o entrudo não possuía um ritmo ou melodia que o simbolizasse. Apenas a partir da primeira metade do século XIX, com a chegada dos bailes de máscaras nos moldes europeus, foi que se pôde notar um desenvolvimento musical mais sofisticado..."

Fonte

De algo feito para reflexão espiritual para algo mais devasso. O calor dos trópicos certamente ajudou em muito a cunhar a moeda do carnaval das 'roupas mais leves' junto à rígida estrutura social que de certo modo sufocava a liberdade e de liberdade sufocada rumo à libertinagem era um passo. Um excerto de
Amorim Pessoa in "História da Prostituição em Portugal", 1887. p.545

"Nos bailes de Carnaval, aonde a ilusão é tudo e o devaneio da mocidade mais se faz sentir (...) e se nos afigura uma máscara que tanto encobre a prostituta como a barregã, a casada ou a donzela... É sempre por este tempo que muitas mulheres bem conceituadas até então começam a prostituição clandestina..."

Fonte

Assim, a verdadeira magia do "esconder identidades" típico de Veneza, esvai-se sobre um calor fumegante,num completo nudismo principalmente perante às mulheres. A diversão do ocultar de olhos e sensualidade/curiosidade para saber quem está por trás daquela máscara,que identidade possui,como lhe é o rosto, de que classe social,tudo é alterado e transformado na estética do corpo,bem ao modelo grego,contudo visto com gozo libidinal. Vê-se logo a mulher nua,enquanto o homem desata em beber..disto à prostituição chega-se num piscar de olhos numa completa conjuntura efeméride e mesmo decadente de conceitos e padrões sem qualquer sensibilidade a respeito.

O homem animaliza-se em progressão...

"Passamos do trágico para uma espécie de carnavalização de todas as experiências, todas as atitudes humanas. Hoje não é dúvida de que o espaço próprio da civilização a que pertencemos se chama 'carnaval social' "
Eduardo Lourenço