Reviver:sugestões para a mente

Um enfoque distinto para sua digestão e trabalho mental. Porque a vida pode ser mais rica dependendo de nosso foco.

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Médico de almas.

domingo, dezembro 04, 2005

O papel da fé



"A fé é o instinto da ação"
Fernando Pessoa.

Acreditar no poder que uma imagem ou objeto pode ter,acreditar e apenas acreditar em,sem qualquer sombra de dúvida,sem que a razão faça proveito em explicar. Apenas sentir. Alguns chamarão isto de ignorância, outros, desconhecendo a força deste poder, irão respeitar com medo do que possa lhes ocorrer alguma coisa.Inexplicável?Em parte sim,mas eu clamaria alguns porcentos acreditando na química cerebral,naquilo que de fato afeta a nossa alma, o nosso mais íntimo como um todo.

A atmosfera do local onde se é feito o culto impregna de confiança pela crença. Tenho aqui uma versão de uma delas. Caminham com a estátua,símbolo representativo de um outro mundo,do mundo pós-morte e portanto divino,cantando versos em louvor,enquanto alguns filetes de sol os tocam no rosto. Enfermos acompanham,crianças com catapora,sem preocupação,posto que lá está o santo a proteger.Uma senhora muito idosa na cadeira de rodas,pondo-se a tremer balbuciam algumas palavras de canto,segurando fortemente uma foto do santo nas mãos envoltas por correntes milagrosas.Até mesmo as suas vestimentas não escapam disto.
Homens que estão a beber no bar param em respeito à santa e fazem um sinal de culto. Todos param e olham.Alguns riem,mas estes são poucos. A multidão se avoluma. Carros param e seus passageiros saem destes para festejar junto daquela estátua,daquela santa.Lágrimas rolam pelos rostos.Pessoas se entregam de corpo e alma para aquilo que veneram.E a fé se concretiza,daí a tão esparada cura logo se faz inevitável.

O esquecimento dos problemas terrenos,de todos os entraves que um homem cria para um outro homem,incluindo o sacrifício humano na morte momentânea da vaidade e do egocentrismo, cria um ambiente de magia bem atípico....o problema é quando esta vira um fanatismo tão exagerado que faz o mundo,este complexo de culturas,radicalizar demais a questão,levando a casos em agredir fisicamente a um "outro",posto que é inimigo de sua doutrina por não acreditar. A alma precisa beber desta fonte,que é a fé, mas deve-se adotar um limite antes de chegar a embriagar alma.

O papel da religião para nossa filosofia de alma se vê como importantíssima no acreditar sem ver e demonstrar racionalmente ou cientificamente. Gustave Le Bon(1841-1931) em seu livro "Opiniões e Crenças" apesar de aparentar algum ceticismo quanto ao que ele chama de "conhecimento",algo genuíno e correto, e "crença",algo que destoa tamanha idiotice,ele já condiz um importante movimento de nossos pensamentos ao dizer que pensamos "mais com o coração do que com a razão".Certíssimo. Assim,não vejo muita a função dos ateus quando confunde "conhecimento" ao que é puro e produzido,esquecendo que isto,por si só,é também religião. Albert Einstein (1879-1955), em seus escritos, já dizia isso firmemente de que a "religião sem a fé é cega e a ciência sem a fé é aleijada".

Assim, sempre vai-nos a apetecer naquilo que nos aprouver,de maneira inteira e subjetiva em longo prazo. Apesar de tão árdua tarefa, pensemo-nos sobre nós, para fazer desta única vida,mediante todo este universo ao qual estamos submetidos,um mundo que valha viver e perpetuar,anulando absurdos,procurando por fim gesticular um sensível traço em busca de um equilíbrio, sacrificando ao máximo e sacrificando os outros ao mínimo. Não esquecendo que,conforme já dizia Voltaire: " O interesse que tenho em acreditar numa coisa não é prova da existência dessa coisa". O objetivo é contemplar.
Eis aí a palavra chave sobre qualquer busca.
Finalizando:

"Com fé não há pergunta; sem fé não há resposta"
Texto Judaico.